Para Elaine Aparecida Cimadon Bottan, de 32 anos, o bem mais precioso do agronegócio é o trabalho coletivo e cuidadoso no campo. Ela entende que administrar a produção no campo é viver na terra, entre as culturas e os trabalhadores, em contato com o desenvolvimento da lavoura. “É uma satisfação e um orgulho. Gosto de estar junto, é algo pelo qual tenho muito amor”, ressalta a produtora.
Ela divide com seu marido, André Angelo Bottan, a administração das propriedades familiares do Grupo Adriana nos municípios de Vilhena (RO), Chapada dos Guimarães (MT) e Campo Verde (MT). É neste último que Elaine mora, na área urbana. “É um privilégio, porque ficamos muito perto da cidade. Fazemos o trajeto de ir e vir todos os dias, faço questão disso”, reconhece, ressaltando que o trajeto diário entre a casa e a fazenda não é um fardo, mas um prazer.
Não é só a gestão das fazendas que Elaine divide com o marido no dia a dia. O cuidado dos três filhos – João Paulo, de 8 anos, Maria Clara, de 5, e a caçula Maria Teresa, de 1 ano e meio – está entre as funções compartilhadas pelo casal. Entre as fazendas, Elaine dedica-se mais à propriedade em Campo Verde. “Pela manhã, resolvo pendências e fico com as crianças. À tarde, é dedicação exclusiva ao trabalho”. Eles possuem um escritório na cidade e outro na fazenda. É neste último que Elaine prefere estar.
O trabalho com a terra vem de longa data: a produtora é filha e neta de pequenos agricultores de soja. Foi o exemplo de seus pais, sempre juntos no trabalho empenhado na lavoura, que fortalece a paixão de Elaine pelo cultivo. “O amor pelo agronegócio trago de família, veio dos meus pais. Sempre auxiliei no trabalho no campo”, lembra a agricultora.
“Crescemos na valorização do trabalho, aprendemos como aconteciam os processos.” Ela e os três irmãos foram criados participando da vida na lavoura de soja, ajudando quando possível; hoje, ela e mais dois deles estão no agronegócio, continuando a tradição da família.
Fibras e Plumas
O contato com a produção de algodão veio após o casamento com André, há 12 anos: a família do marido possuía as propriedades hoje administradas pelo casal. Elaine atesta a importância da pluma nos negócios: “Acreditamos muito na cultura do algodão. Neste ano aumentamos um pouco mais a área de plantio”, diz.
Os dois plantam 4 mil hectares, com uma produção média de 7,5 mil toneladas de pluma, destinadas para os mercados do Sul, Sudeste e Nordeste. Além do algodão, cultivam 7 mil hectares de soja e 3 mil hectares de milho.
“A cultura do algodão é fundamental para o nosso negócio. Não é nossa maior área de plantio, mas é o carro-chefe”, ressalta a produtora. O Grupo Adriana ainda faz parte da CooperFibra, cooperativa de cotonicutores do município de Campo Verde, e participam de outras partes da cadeia produtiva, como a etapa de fiação.
Gestão de fibra
Os dois empregam em torno de 80 pessoas e a gestão do pessoal fica, majoritariamente, a cargo de Elaine. “Faço questão de estar lá para auxiliar na gestão e administração, de trabalhar com o capital humano. Na questão da motivação, da comunicação interna, do trabalho em equipe, conhecendo a competência de cada um, estimulando com treinamentos, etc. Também participo da controladoria das fazendas”, explica a produtora, que é formada em administração de empresas, com pós-graduação em controladoria estratégica.
Para Elaine, a presença da mulher no agronegócio fortalece a produção. Ela reflete: “A mulher está conseguindo deixar fluir o potencial que ela sempre teve. Nossa participação traz resultados significativos, em conjunto com a presença masculina. Nós sempre tivemos essa força, que estava encapsulada. E agora está brotando”. Ela acredita que esse novo momento está ajudando a criar uma cultura no campo com maior presença feminina, principalmente quando o trabalho é coletivo.
O trabalho compartilhado e o amor pela terra rendem frutos para além das lavouras. O casal contribui com a Escola de Música de Campo Verde – Instituto Germinando Sons – desde sua fundação, há quase 6 anos. “Iniciamos com o auxílio para adquirir instrumentos de orquestra, e, hoje, temos a alegria de ceder o espaço da sede atual da escola”. As aulas de musicalização, coral e instrumentos de orquestra atendem a cerca de 320 alunos do município de Campo Verde.
A fibra é de família: legado para os filhos
É nas férias que Elaine e André levam os filhos para a fazenda. Quem mais aproveita é João Paulo, o mais velho: “Solto ele na lavoura e ele vai acompanhando os funcionários. Ele adora”. Para Elaine, é fundamental que os filhos vivenciem o campo. “Passamos essa paixão, esse envolvimento. Mesmo que eles não trabalhem nos negócios, o importante é o amor, o reconhecimento e a valorização para com a terra. Valorizar de onde vieram.”
100% algodão
Elaine confirma a importância do movimento Sou de Algodão para a valorização e o incentivo da produção e comércio dessa commodity. “É excelente, porque é comum que o produtor não seja tão reconhecido”, aponta.
O casal veste a camisa da cotonicultura e do envolvimento com a cadeia produtiva da pluma. Quando vão às compras, diante de uma peça de roupa, sempre se perguntam: “É 100% algodão?”
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